Hérnia de disco cervical: é normal conviver com dores na região da nuca?

Uma dor que nasce perto da nuca, que muitas vezes impede de fazer os movimentos mais simples com o pescoço e ainda pode irradiar para os braços e até as regiões mais abaixo da coluna, é a descrição de sintomas da hérnia de disco cervical. A cada ano, os procedimentos cirúrgicos que atuam contra esse problema, como a artrodese cervical, são realizados cerca de 13 mil vezes segundo os dados do Ministério da Saúde por meio do Sistema de Informações do SUS, o DataSUS.

E esses números, representam apenas uma pequena parcela da população que sofre com esse problema, opina o Dr. Mariano Ebram Fiore, neurocirurgião com fellowship pela Ohio StateUniversity. Segundo ele, há de se considerar os casos que não são reportados e os casos que a manutenção da qualidade de vida do paciente é feita com medicamentos ou alguns tipos de fisioterapia.

“É muito comum encontrar pessoas que convivem com dor nas costas. Elas têm o hábito de não reclamar dos pequenos incômodos, mas quando a dor se agrava, tomam algum remédio, passam uma pomada e vão dormir. Infelizmente é algo que pode piorar”, comenta o especialista. Para ele, é muito importante que, mesmo que os primeiros sinais de dor sejam mínimos, o indivíduo busque um acompanhamento para que se saiba exatamente qual é o problema e como deve ser o tratamento.

Além da relativização da dor, muitas pessoas podem considerar que não compensa ir até um hospital para ser consultado por um problema que pode, em muitas ocasiões, ser solucionado com analgésicos, por exemplo. “É comum que, até pela estrutura da unidade de atendimento, o paciente se sinta com certo desconforto para procurar uma ajuda médica hospitalar”, comenta. 

O neurocirurgião ressalta que a hérnia de disco cervical é um problema muito comum e que tem uma relação direta com a perda da qualidade de vida, podendo prejudicar a capacidade de mobilidade e até a produtividade de quem é acometido por essa doença. 

Mas o que é hérnia de disco cervical?

O Dr. Mariano explica que a hérnia surge quando os discos, que separam as vértebras da coluna dando apoio e amortecendo os impactos, têm um desgaste por serem exigidos mais do que sua capacidade aguenta, e com isso, ela expande comprimindo os nervos que passam em sua volta, causando a dor. Como a coluna é dividida em três partes (cervical, torácica e lombar), a hérnia de disco cervical é que surge na região superior da estrutura, mais próxima ao pescoço.

“As hérnias discais pressionam os nervos que descem pela estrutura da coluna, e quanto mais acima estiver o problema, maior pode ser a dor causada, isso porquê a possibilidade de irradiar para o restante do nervo também é mais significativa”, comenta o médico.

Quais são os tratamentos?

A gravidade da hérnia de disco pode variar de cada caso, e os métodos de tratamentos também. É possível dizer que a situação pode ir de medicação leve e repouso até uma cirurgia. E como é essa variação? O Dr. Mariano explica: “A equipe médica avalia todo o contexto da doença, não só um raio-x. É preciso conhecer o histórico médico do paciente, como o problema muda a vida dele e até levar em consideração como é a vida pessoal ou profissional. Daí então vamos saber se ele pode ser submetido ao medicamento, se a fisioterapia pode ser benéfica ou prejudicial e se é realmente necessária uma intervenção cirúrgica, até o tipo de procedimento é detalhadamente considerado antes de optar por uma opção”. Conclui o neurocirurgião.